domingo, 10 de maio de 2015

Grupo Antigo


Há em frente ao meu quarto um roble, — uma floresta
Num tronco só. Podia ali dormir a sesta
À sombra Adamastor. Uma vide gigante
(A vide era a serpente e o roble era o elefante)
Enroscou-lhe, atirou-lhe os seus braços violentos,
E, subindo e trepando a todos os momentos,
Um século gastou para ao alto chegar.
O roble enche um celeiro e a vide enche um lagar.
E a vide de tal forma o carrega, o inunda
Co’a riqueza brutal, co’a fartura jucunda
Dos festões de verdura opípara e frondosa,
Que eu nas áureas manhãs de Março, cor-de-rosa,
Julgo por entre o Sol e entre as névoas ligeiras
Ver Hércules a rir com Baco às cavaleiras!
[…]

Guerra Junqueiro . "A Musa em Férias"

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