terça-feira, 30 de abril de 2013

Lisboa hoje como há 150 anos?



Lisboa Abril de 2013 (daqui)

Diz-me, alma minha, pobre alma congelada, o que pensarias tu de morar em lisboa? Lá deve fazer calor, e lá te reanimarias como um lagarto. Essa cidade fica à beira d'água; diz-se que é construída em mármore, e que as pessoas de lá têm um tal ódio à vegetação, que arrancam todas as árvores. Eis uma paisagem ao teu gosto; uma paisagem feita de luz e mineral, e líquido para reflectir!
A minha alma não responde.
Charles Baudelaire . "N'importe où, hors du monde" 1864



segunda-feira, 29 de abril de 2013

Alive and Kicking


Who is gonna come and turn the tide?
What's it gonna take to make a dream survive?
Who's got the touch to calm the storm inside?
Who's gonna save you?
Alive and Kicking
*

sábado, 27 de abril de 2013

Um assunto pessoal de interesse público



Conheço-a muito bem. Na Primavera, só quando a maior parte das árvores já nos apresentou as novas folhas é que ela se digna a acordar, primeiro, como quem se espreguiça depois de um longo sono, floresce timidamente, depois à medida que o tempo vai aquecendo enche-se de folhas e generosamente dá-nos uma das sombras mais bonitas de que alguma árvore é capaz. Cumpre sempre o Outono com devoção, nessa altura as folhas ganham novos tons e enfeita-se de grandes bolas verdes onde estão cuidadosamente protegidas as suas nozes (a quem ninguém, sem ser ela, dá valor porque são intragáveis) e, mais uma vez, desafia as regras estabelecidas largando as últimas folhas muito mais tarde do que as árvores bem comportadas. No Inverno, despida, não perde a dignidade, e resiste estoicamente a ventos e tempestades (este ano durante a grande tempestade de Janeiro não se partiu nem um ramo). É a Nogueira-negra da minha janela (Juglans nigrae custa-me imaginar a vida sem ela. 

Há dois dias surgiram as primeiras flores em elegantes amentilhos, timidamente surgiram também algumas novas folhas ainda muito pequeninas, reparei nelas e fiquei contente pela promessa de cor e sombra que representam. Hoje de manhã reparei que lhe estavam a afixar uma placa e a delimitar o estacionamento na zona, pensei que preparavam uma poda camarária e fiquei logo preocupada - mau timing, podar árvores em plena floração e quando as folhas se preparam para nascer - abordei os funcionários da CML que estavam no local e pedi informações a resposta foi curta e dura, "isto está tudo podre e vai ser abatido porque é um perigo".  "Isto" são as árvores da minha rua e entre elas está a Nogueira-negra da minha janela condenada a morrer na próxima segunda-feira ente as oito da manhã e as quatro da tarde em plena floração e antes de crescerem as novas folhas.

Não tenho conhecimento de nenhum relatório fitosanitário, não fui (os meus vizinhos também não) avisada de nenhum tipo de intervenção no arvoredo da rua e tenho a certeza de que esta árvore não é mais nem menos perigosa do que todas as outras. Apesar de este ser um assunto pessoal, o que se anda a passar com as árvores de Lisboa é do interesse de todos e se não se faz alguma coisa daqui a pouco tempo em Lisboa as árvores são todas iguais, pequenas, assépticas e descartáveis. Se é isso que querem, tudo bem, mudo-me eu.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Um dia com a Lua e tudo


Nature is painting for us, day after day, pictures of infinite beauty if only we have the eyes to see them.
John Ruskin

Ou...>>>

Abater árvores para construir jardins é loucura


Fotografia daqui

Ainda não tive coragem para ir ver, mas diz quem viu que foi um massacre o que se passou (e ainda está a passar) na Ribeira das Naus. Muitas dezenas de árvores adultas e saudáveis estão a ser abatidas indiscriminadamente para, e agora espantem-se, construir um novo Jardim... A questão é simples:

"Será que um arquitecto não é capaz de planear um novo jardim aproveitando as árvores que existem e que demoraram décadas a crescer? Para que as novas árvores tenham o porte que é apresentado nos desenhos vai demorar uma geração inteira." (daqui)

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Buttercup

Ranunculus Asiaticus

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Da vida privada da Dombeia

  Dombeya burgessaie


Num jardim botânico é quase certo que todas as flores têm uma história para contar, mas como nós temos dificuldade em entender a sua linguagem, essas histórias são na maior parte das vezes segredos da vida privada das plantas que nós quase nunca alcançamos. 

A Dombeya burgessaie do Botânico da Universidade de Lisboa poderia, se fizesse um esforço, contar-nos todos os pormenores de como é que no sec. XIX, com a ajuda de um horticultor iluminado de nome Henri Cayeaux e de outra planta africana de nome Dombeya wallichii, contribuiu para a criação da nossa muito extraordinária Dombeya x cayeuxi... Mas limita-se a ser linda, a florir, apanhar banhos de sol, e pouco mais.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Nova colecção (2)

Fagus sylvatica 


No Botânico, claro!

 Strobilanthes kunthiana
Sinto-me verdadeiramente privilegiada sempre que visito o Jardim e hoje em particular. Esta planta, linda de morrer, floresce uma única vez na vida e isto só acontece quando completa 12 anos de idade (coisa de Plietesials, como explica aqui o Filipe). Pois não é que eu, sem fazer a mínima ideia de que assim era, cruzei-me hoje, muito provavelmente, com o único exemplar da espécie que existe e está a florir em Portugal. 

terça-feira, 16 de abril de 2013

Nova colecção (1)

Acer pseudoplatanus

O Facebook

O que mais me desagrada no Facebook é a sua incapacidade para ter algo vagamente parecido com a memória. De que nos serve uma aplicação informática sem memória?

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Árvores para o futuro?



Há um fenómeno em Lisboa que me deixa sempre um bocado perplexa. Porque será que em certos locais que reúnem todas as condições para a existência de árvores de grande porte não deixam as árvores crescer? Isto acontece, por exemplo, na Av. Sidónio Pais, veja-se e tente-se entender como é que é possível que em 1946 as árvores por lá tivessem praticamente o mesmo tamanho que têm hoje.
Bem.. mas, do mal o menos, o que por lá se pode ver, nestes dias, são Castanheiros-da-Índia - pequenos é certo - a florir.

Modernices

Serapias strictiflora

quarta-feira, 10 de abril de 2013

No Prado


Echium plantagineum L.

Chupa-mel; Lingua-de-vaca; Soagem; Soagem-viperina

Surpresas



Hypericum humifusum L.



Erva-das-mil-folhinhas; Hipericão-rasteiro; Milfurada


Adoro encontrar, no meu jardim, flores que nunca tinha visto antes e pelas quais não sou responsável. Desta vez foi um Hipericão discreto, elegante e, como o nome informa, rasteirinho.

O poeta é o espectador


A vida de Pessoa é na verdade a vida ideal do poeta; Pessoa é, como homem, a imagem da imobilidade. Ninguém quis ser menos aparente; toda a sua vida se envolve, não direi, porque detesto romantizar, de mistério, mas sim de discreto pudor, de amor ao silêncio e à contemplação. (…)

Adolfo Casais Monteiro, A Poesia de Fernando Pessoa, INCM, 1985, O Insincero Verídico, pág. 89

Eu gosto (2)

De  blogues com muita fruta (como este , este)

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Coisas simples


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Acção

Para um futuro melhor, encontrem-se novos heróis - os que protegem e ensinam a proteger a natureza - e criem-se novos artistas -  os que plantam jardins e árvores, cultivam as terras e inventam paisagens.

domingo, 7 de abril de 2013

...In the grass

Come forth into the light of things, Let Nature be your teacher.
William Wordsworth

Tenho dúvidas...


E muitas vezes me engano. Por estas e outras há um ano não me atrevi a identificar esta santinha. Continuo sem saber se é uma Centranthus calcitrapae uma Valeriana dioica ou outra coisa qualquer. Seja ela o que quiser ser saibam que está a florir.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Eu gosto (1)

Dos títulos dos quadros de Klee (por exemplo este) .

Na Primavera acontecem milagres todos os dias

 Rhododendron
Do grego ῥόδον rhódon "rosa"e δένδρον déndron "árvore"

terça-feira, 2 de abril de 2013

Glossário botânico

Quercus faginea


Marcescência - é o nome dado, em botânica, à retenção de órgãos vegetais mortos, normalmente folhas, principalmente de algumas espécies de carvalhos, faias, carpinos e palmeiras que, quando secam, não se soltam do tronco, ficando penduradas até nascerem as novas folhas ou flores.

As Glicínias

wisteria

No Verão e no Inverno

Defender as árvores é acreditar no futuro

E o que pode fazer cada um de nós para ajudar a alterar este estado de coisas? Pode, por exemplo, escrever à sua autarquia protestando contra estas práticas. Porque quem não gosta de árvores, e são muitos, não hesita em pressionar as juntas ou as câmaras até conseguir o que quer: ou porque há uma árvore que lhe tapa as vistas da casa ou porque as folhas entopem as sarjetas; enfim, um sem número de motivos fúteis para decepar ou cortar uma árvore.
É chegada a altura de quem gosta de árvores se fazer ouvir. Se o fizerem estarão a por em prática um dos objetivos que levou à criação da associação Árvores de Portugal: tornar as pessoas mais ativas e empenhadas na defesa das árvores das suas vilas e cidades! 

Pedro Teixeira Santos . deste texto de leitura obrigatória.

Da glória incerta de um dia de Abril


Anemone coronaria

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Hoje é o dia deles

Em geral os mentirosos são muito agradáveis, desde que não se tome como verdade nada do que dizem. E esse é o inconveniente: às vezes, leva-se algum tempo para se fazer a identificação. Uma vez feita, porém, que maravilha! – é só deixá-los falar. É como um sonho, uma história de aventuras, um filme colorido.
Cecília Meireles . “Escolha o Seu Sonho”

As Tílias do Camões

Largo do Camões 1947. Fotografia de Horácio Novais

Já tinha ouvido dizer que em tempos havia umas Tílias muito bonitas no largo do Camões*, pois cá está uma delas.

As Tílias são conhecidas pela sua longevidade, mas não em Lisboa a cidade que trocou as suas árvores por parques de estacionamento.

*A Praça teve o seu encanto, pelas Tílias que nela foram plantadas e pela quantidade de pássaros que ali se acolhiam e faziam tremenda chilreada. Chamados «Os pardais do Camões», que em revoadas chegavam dos campos, num espectáculo bem curioso de uma ternura de cidade romântica.